"Olá pai. Sei que nunca irás ler esta carta, na verdade nem precisas porque neste momento sei que estás a ouvir o meu pensamento. Pai? Gostava de mudar tanta coisa. Não entendo. Séculos de existência da humanidade e mesmo assim ainda é preciso perder para dar valor, ainda é preciso bater contra a parede para aprender que doí, ainda precisamos de viver na pele o que é, para depois entender. Não fazia ideia pai, estava tão habituada aquela tua presença incondicional. A tua voz, ó pai ainda agora consigo ouvi-la. Pai berra-me outra vez por favor. Trocava tudo o que tenho hoje pelos teus castigos, cortava todos os meus cabelos se por cada um me desses um beijo de novo... Pai, como sinto falta dos teus carinhos, como sinto falta de tudo. Como me fazes falta. Adolescentes de hoje preocupam-se demasiado com quem não devem, com a roupa que vão usar, de quem gosta este ou aquele e esquecem pai, esquecem-se de heróis como tu. Heróis que não voam mas que se levantam todos os dias a lutar por nós, heróis sem super poderes mas que nos defendem com tudo o que têm, heróis que apesar de todas as palavras mal ditas, que apesar de todas as zangas, que apesar de todas as desilusões que lhes damos, nos amam todos os segundos. Pai tinhas razão, tinha-la sempre. Como nunca fui capaz de te dizer "eu amo-te"? Como fui capaz de ser tão má contigo? Pai, perdoa-me. Ás vezes penso que mereço, penso que mereço acordar e ver o teu lugar da mesa vazio, as tuas roupas no ultimo lugar onde as deixaste. Oh pai, acordo todos os dias na esperança que tudo isto seja um sonho e que estejas aqui, a cuidar de mim. Fui tão fraca. Sei que estas ai, sei que me ouves. Pai perdoa-me, por favor, berra-me de novo."